Viver É Não Saber Que Se Vive | Poema de Florbela Espanca com narração de Mundo Dos Poemas


Ponho-me, às vezes, a olhar para o espelho e
a examinar-me, feição por feição: os olhos, a
boca, o modelado da fronte, a curva das
pálpebras, a linha da face…
E esta amálgama grosseira e feia, grotesca e
miserável, saberia fazer versos?
Ah, não! Existe outra coisa… mas o quê?
Afinal, para que pensar?
Viver é não saber que se vive.
Procurar o sentido da vida, sem mesmo saber
se algum sentido tem, é tarefa de poetas e de neurastênicos.
Só uma visão de conjunto pode aproximar-se
da verdade. Examinar em detalhe é criar novos
detalhes. Por debaixo da cor está o desenho
firme e só se encontra o que se não procura.
Porque me não esqueço eu de viver… para viver?

Florbela Espanca

Link: https://www.youtube.com/watch?v=f5pn-UVVWIQ

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